Da série: Sempre pensei mas não escrevi

A Educação em debate

João Barcellos - Professor de história e mestre em educação ambiental

O debate sobre a educação nunca esteve tão em moda. Sabemos que, sociedade alguma pode ser desenvolvida sem uma população educada e culta, pelo menos em uma maioria, que seja capaz de participar do cotidiano dessa sociedade com cidadania. Para que isso ocorra precisamos urgentemente de investimentos em escolas, em equipamentos e nos professores, pois esses são os operadores do sistema educacional. O debate é necessário!

O problema ocorre quando os investimentos em educação passam a serem vistos como gastos e não investimentos. A solução escolhida é destruir com o pouco que resta aos professores. O projeto proposto pelo governo do estado do Rio Grande do Sul deleta as possibilidades de ascensão por tempo de serviço e por qualificação profissional. Ao contrário do racional, pretende c! riar mecanismos em Lei que obriguem os docentes a seguirem a ideologia liberal do mercado, da competição e do individualismo defendidos pelo Banco Mundial mesmo com os salários aviltantes. A mudança do Plano de Carreira dos professores do Rio Grande do Sul é uma exigência do Banco Mundial para o governo estadual quando do empréstimo de 1,1 bilhão de dólares.

Meritocracia, bônus, metas e outras falácias são apenas palavras envolvidas por um manto cínico na retórica daqueles que consideram que a educação serve apenas para preparar "máquinas de produção". A educação no sentido grego de Paidéia deve ser um instrumento capaz de promover a humanidade no caminho da liberdade, da democracia plena, da justiça e da paz, e, não uma camisa de força.

Pagar salários dignos para os professores não faz parte do! receituário desses organismos internacionais incompetentes. Incompetentes, pois permitiram em nome do lucro fácil, da jogatina global a crise mundial que o capitalismo liberal vive.

A Imprensa Livre tão justamente defendida, menos no acompanhamento do genocídio de Gaza, aceita sem nenhuma cautela os princípios liberais. Parece não perceber que formar "máquinas de produção" não contribuirá na busca de uma sociedade, em um conceito amplo, mais humana. Continuaremos a eleger políticos incompetentes e corruptos. Continuaremos a sermos roubados em nossos sonhos de felicidade, de justiça e de paz. O mundo continuará o mesmo: injusto e violento. Mas, por outro lado continuará produzindo mais riquezas, sempre mais riquezas. É claro, sem uma justa distribuição. Como diria Saramago, os homens não fazem um bom uso da razão.