Dorotéia é uma professora do quadro do magistério público do Estado do RS. É uma profissional dedicada, não passa ano em que não faz um curso de atualização, assim, está sempre a gastar os poucos reais que sobram de seu minguado salário em seminários, cursos que lhe tragam novos paradigmas para o mundo da educação.
Agora Dorotéia tem andado um tanto apreensiva. Tem acompanhado pela mídia, que a Secretária da Educação está promovend! o debates e quer discutir à educação com a sociedade. Ela sabe que cada vez que o governo fala em debater a educação ou quer fazer Fórum para discutir os problemas educacionais, ela sempre sai perdendo.
Ocorre que essa professora sabe que o governo atual é enganador, faz ginástica com as palavras, mas na verdade o que ele quer mesmo, é pisotear sobre as conquistas de sua categoria. Dorotéia está sentindo na pele o Déficit Zero da governadora, pois seu salário há dois anos tem reajuste Zero. Seu vale refeição então, nem se fala, nem lembra mais quando teve a última correção, esse nem é mais Zero, já passou para conjunto dos números negativos.
Dorotéia até tentou imitar o choque de Gestão de YEDA na sua casa. Começou cortando 30% do rancho que fazia mensalmente, pois ela pensou, vou fazer igual ao que governadora fez com as Escolas, cortar 30% ( o Governo YEDA cortou no início de sua Gestão 30% das verbas destinadas às Escolas). Mas não deu certo, porque seus filhos começaram a reclamar que passar o dia com apenas duas refeições não dava. No início ela até achou que daria bom resultado, por que como as crianças comiam pouco, suas excreções também diminuíram e já estavam gastando até menos papel higiênico.
Mas a professora teve que desistir do choque de Gestão na extensão doméstica. As duas crianças ficaram doentes e após alguns exames de saúde foi descoberto que as mesmas estavam anêmicas devido a subnutrição a que foram submetidas. E Dorotéia então resolveu apelar para o cartão de crédito. Terminou se individando. Esses dias recebeu uma correspondência avisando que estava cadastrada na SERASA e no SPC.
Dorotéia em 2008 já não teve mais dinheiro para fazer curso. Mas pensou que isso não importava muito, pois nos anos anteriores tinha feito e desde 2002 que o governo não promovia mais ninguém. Às vezes, à noite quand! o perde o sono, pensando num bico para fazer e ganhar um dinheirinho extra, lembra dessa tal Escola Boa Para Todos que o governo alardeia e é obrigada a dar risadas.
Mas Dorotéia está perdendo a paciência com o governo, ficou sabendo que a governadora teve um aumento no seu salário de 143% e ganha R$ 17.000,00 mensais, em números redondos... Cansou de só perder. Em dezembro do ano passado teve 50% do seu salário cortado porque fez greve. Pensou consigo: Que governo é esse que acha que pode tudo?
Dorotéia resolveu que não venderá Avon, Natura ou coisas do gênero para sobreviver, afinal é uma boa professora, dedicada e competente, ent&! atilde;o decidiu que vai à próxima Assembléia de seu Sindicato e acatará a decisão que for tomada pela categoria. Cansou de ser humilhada pela arrogância e prepotência da Governadora e da Secretária de Educação. Não é essa postura que ensina a seus alunos. Dorotéia está decidida a lutar por sua dignidade profissional.
* Conselheiro do CPERS pelo 14º Núcleo.
27/01/2009
Publicado em www.cpers.com.br/portal2
