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sábado, 18 de setembro de 2010

Instantes


Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo.
(Autor desconhecido)


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Ideologia, preciso uma pra viver"

Houve um dia em que, após inúmeras análises, percebi que faltava à humanidade um boa dose de coerência entre os atos e os fatos...
Foi difícil perceber que muitos daqueles em que havia depositado minha confiança, haviam traído aos seus seguidores... Tenho a impressão que esta foi a parte mais difícil: admitir, mais uma vez - embora noutro aspecto - que houvera traição!
A luta para chegarmos lá havia sido longa, árdua, sofrida. Pior de tudo é descobrir que chegamos por força da traição...
Entretanto, para quem está acostumado aos desafios infindáveis de uma vida que luta para não ser covarde, muito menos vazia, junta-se novamente os pedaços e nega-se, terminantemente, a pensar que todos são iguais.
Assim, um dia, depois de análises mil e uma boa dose de desconfiança misturada à enorme vontade de acreditar, reencontrei. Estava ali, completando seus 15 anos, toda a minha crença.
Era por ele que eu havia procurado; era o que eu havia idealizado; era o meu sonho realizado. Foi, então, que numa data festiva, cheia de personalidades com a sabedoria a que eu aspirava, anunciei: eis aqui a ideia que defendi. Quero ser parte; quero unir-me a esta construção.
Hoje sei as dificuldades para defender um pensamento de valor. Reconheço o olhar incrédulo e até assustado com a minha identificação ideológica. É engraçado ver pessoas olharem de canto quando a percebem. Até mesmo os sobressaltos quando, sem receio, me identifico.
Por outro lado, é reconfortante encontrar os companheiros e camaradas, da mesma maneira que é fantástico participar de encontros onde todos se identificam pelo valor de seus ideais; quando todos fazemos questão de mostrar quem somos e o que defendemos, usando a mesma identificação, sem nos diferençarmos, nem sermos olhados de canto, com cara de ETs...
Há tempos não vivia esta satisfação. Tampouco sofria com alguns descasos e incompreensões...
Mas, isso faz parte da vida real... e a gente, supera... mesmo que demore e doa um pouco...
Enfim, larguei meu mundinho seguro por conta de um ideal... e, até o momento, por mais dolorido que seja, não me arrependo...
Agora é o PSTU! Contra burguês, vote 16!!!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tu tens um medo


Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.



Cecília Meireles